quarta-feira, 11 de novembro de 2009

TATUAGENS E PIERCINGS



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Tatuagens e Piercings

- A tatuagem representa o sentimento do interior, o piercing revela o romper das amarras sociais, a que se está há muitos anos habituado. A arte corporal de que lhe falamos, está cada vez mais em voga na nossa sociedade. Os piercings e as tatuagens começam cada vez mais, a preencher os corpos dos homens e das mulheres portuguesas. Mas, esta forma de expressão corporal, ao contrário do que possa pensar, tem um passado de muitas centenas de anos... Hoje em dia, é comum vermos muitos jovens com tatuagens ou piercings, em partes visíveis do corpo. Existem outras porém, em sítios menos apropriados para a visão do mero cidadão que passa ao lado da pessoa portadora da tatuagem ou do piercing e que, estão localizados em locais mais íntimos de cada um. No fundo, tratam-se de opções. O que é certo é que esta arte de revestir ou de adornar o corpo, tem vindo a ganhar muitos adeptos por todo o mundo, incluindo no nosso país. Houve quem lhe chamasse de moda, mas outras afirmam ser uma maneira de exprimir aquilo que vai na alma, através da tatuagem, em forma de desenho ou símbolo, ou do próprio piercing. Se a tatuagem representa o sentimento do interior, o piercing revela o romper das amarras sociais, a que se está há muitos anos habituado. De uma forma ou de outra, o que importa é que esta arte é uma opção pessoal, competindo a cada um ter a liberdade da escolha. Quando foram descobertas as terras do Brasil, os índios e os povos de cultura diferente, já possuiam brincos no nariz, no umbigo ou mesmo na boca. Na Polinésia, por exemplo, o povo Moori, possuía diversas tatuagens no rosto e por todo o corpo. O que aconteceu foi que, como eram os colonizadores a estarem mais próximos destas culturas, adoptaram muitas vertentes destas experiências, ficando rotulados de marginais, totalmente à parte da sociedade. A evolução desta arte tão antiga foi-se espalhando em todo o mundo evoluindo bastante e hoje, é perfeitamente comum alguém surgir com uma tatuagem ou um piercing. As tatuagens são feitas com micropigmentos de origem Europeia ou Americana, utilizando agulhas descartáveis, apropriadas para esse efeito. A pessoa que procede à realização da arte de colocar piercings, recorre a máquinas esterilizadas com bicos de aço inox e piercings de aço cirúrgico. Há que ter muito cuidado, com os materiais utilizados e a sua esterilização até porque, há que proteger os clientes de doenças, como a hepatite, HIV, fungos ou bactérias. A limpeza e a higiene do espaço e local, ou seja do ambiente, acarreta algumas responsabilidades. Se quiser aderir a esta arte, escolha bem o local e tenha em atenção o ambiente e a limpeza dos materiais utilizados. Os responsáveis pela arte de tatuar, devem ter cerca de 5 anos de experiência deste trabalho, pois a variedade de tatuagens que existe, não pode ser feita por qualquer um. Ao escolher um local bem ambientado e limpo, pode escolher entre tatuagens a cores, somente a negro, com traços mais finos ou mais grossos, em forma de desenho ou de símbolo. Médicos, estudantes ou advogados, de idades variadas e de extractos sociais distintos, já aderiram a este revestimento corporal que, os piercings e as tatuagens possibilitam de maneira personalizada. Já agora, se ainda não fez e se está a ponderar essa hipótese, fique a saber que os piercings, existem em três categorias: masculinas, femininas e, imagine-se... genitais. Ficou tentado? A decisão é sua...

- Trabalho e tatuagens ainda existe um estigma enorme na nossa sociedade em relação a isso, não há uma aceitação positiva quando se tem tatuagens visiveis. Conheço muito boa gente, com óptima formação que não foi aceite em bons empregos ou simplesmente a embrulhar prendas em hipermercados na época de natal porque tem tatuagens no pescoço, por exemplo.
Um dos requisitos da TAP para ser hospedeira de bordo é que não se tenha tatuagens e isso inclui locais como perna, pé e etc. Uma amiga minha não foi aceite porque tinha uma na omoplata e convinhamos acho que nunca ninguém viu uma hospedeira de bordo com ombros de fora. Mas enfim, nada a fazer por enquanto, pode ser que as novas gerações já não sejam tacanhas.
 
'Piercing' e tatuagem podem prevenir atitudes de risco

- As mutilações auto-infligidas em raparigas jovens são uma realidade cada vez mais presente no mundo ocidental. O sociólogo francês David Le Breton, através de numerosos trabalhos com jovens, fala num "imenso sofrimento" da juventude actual. Comportamentos de risco, que até põem em causa a vida de terceiros, ou formas de resistência, como a bulímia e anorexia, são as consequências de um mundo "pouco hospitaleiro e agressivo". Mas, marcar o corpo, com piercings e tatuagens, pode levar os jovens a encontrar o equilíbrio e a evitar comportamentos de risco.

- O livro mais recente deste sociólogo - que participa hoje num colóquio em Braga (ver caixa) - aborda as questões das mutilações auto-infligidas. Recusa, contudo, que esta realidade seja abordada a partir da psiquiatria ou da medicação, que podem cristalizar no tempo o problema. "Raramente dura mais do que dois ou três anos. É preciso acompanhar e, se possível, recorrer a um psicoterapeuta, mas nunca internar", explica.

- Há jovens que se automutilam. E esta realidade "está a aumentar enormemente", podendo resultar de uma "contestação inconsciente" a uma ideologia do corpo que é imposta pela sociedade contemporânea "A mulher vale o que o seu corpo vale, o homem vale pelo que faz no seu trabalho." A ditadura da aparência leva ainda a outras situações, distúrbios alimentares.

- Para o sociólogo, professor na Universidade de Estrasburgo, estes sinais são de uma "juventude que sofre". As estatísticas não enganam tem aumentando o número de fugas, suicídios e mortes nas estradas. As razões passam pela percepção de um mundo "injusto e agressivo" e pela dificuldade de transmissão entre gerações, e pela ausência, por vezes, de valores a passar.

- Aqui pode residir, também, a explicação pela "obsessão das marcas comerciais nos recreios da escola". Com uns "ténis ou uma t-shirt" reconhecidos internacional ou piercing, o adolescente "possui as marcas de identificação que lhe permite existir no olhar dos pares" e quem não as tem, "é martirizado nos recreios escolares".

- Em França, assinala, quase todas as adolescentes têm um piercing no umbigo e um golfinho tatuado nas costas. Quem não tem estas marcas é apelidada de conservadora ou retrógrada. Mas não há que dramatizar. David Le Breton acalmou já muitos pais furar a língua não quer dizer que a filha ou filho vá ser marginal. "Para os jovens, marcar o corpo é uma forma de apropriação e autonomização face aos pais. De distinguir o corpo actual daquele que receberam". É assim que este sociólogo vê com corpo como "um objecto de debate nas famílias ocidentais", onde os pais vêm o corpo dos filhos quase como uma extensão própria. E, por isso, reagem à intenção do piercing, exigindo "Não me faças isso".

- E mais importante nos inquéritos que realizou, David Le Breton verificou que este comportamento é mesmo " preventivo de atitudes de risco". Assim se posicionam os jovens face à sociedade. "Tocar o piercing ou a tatuagem é mesmo uma forma de se fixar uma referência, de encontrar limites", explica. Os jovens em risco "nunca enquadrados, não sabem para onde vão, quem são ou que limites têm". O caminho é o abismo e, muitas vezes, levam outros para a queda.



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